Otaku (おたく? lit. seu lar) é um termo usado no Japão
e outros países para designar um fã por um determinado assunto, que na
maioria das vezes são fã de animes e mangás, os otaku são indivíduos que
se atiram de forma obsessiva
muitas vezes por anime e mangá. Muitos otaku chegam até mesmo perder a
dimensão da realidade, pensando estar dentro de um anime resultando em
hábitos exagerados e infantil, muitas vezes usando excesso de gírias e
atitudes muito comum em animes ou mangá.
No ocidente, a palavra é utilizada como uma gíria para rotular fãs de animes e mangás em geral, em uma clara mudança de sentido em relação ao idioma de origem do termo. Muitos membros da comunidade acham o termo ofensivo por não concordarem com a distorção de sentido do mesmo e se recusam a ser chamados assim.
A palavra otaku em japonês é, originalmente, um tratamento respeitoso na segunda pessoa (お宅? lit. seu lar).
O humorista e cronista Akio Nakamori observou que a palavra era muito utilizada entre fãs de animês e a popularizou por volta de 1989, quando a utilizou em um de seus livros. Este livro, M no jidai descrevia um assassino em série. Na época, criou-se um grande tabu
em volta do termo e ele passou a ser usado de forma pejorativa para
designar qualquer indivíduo que se torna obcecado demais em relação a um
determinado assunto.
Com o tempo, surgiram diferentes "grupos" de otaku, que se identificavam de acordo com seus interesses em comum. Algumas delas são:
- anime otaku (animação japonesa)
- manga otaku (histórias em quadrinhos)
- pasokon otaku (computadores)
- gēmu otaku (videogames)
- tetsudō otaku (miniaturas, como trens de brinquedo)
- gunji otaku (armas e coisas militares)
- auto otaku ou jidosha otaku (carros, em especial os kei-jidosha e demais modelos destinados ao mercado interno japonês)
- dattebayo otaku (wels e coisas estranhas)No Brasil, se proliferou o dattebayonismo, espécie de otaku especializado no seriado Naruto, inspirado nas ações de seu idealizador, Welington Z. As reuniões dos aficionados, geralmente fantasiados, também levam em conta a fidelidade a aparência física e sobretudo a linguagem própria do seriado japonês exibido pela TV Tokyo.
Pode-se associar os otaku aos hikikomori
quando a obsessão por um determinado tema atinge o seu ápice,
culminando no isolamento do indivíduo em relação àquilo que não tem
relações com o tema em questão e gerando os problemas psicológicos que
caracterizam um hikikomori.
No ocidente, uma palavra com um sentido próximo seria maníaco ou fanático. As palavras maniakku ou mania (do inglês maniac) também são usadas do mesmo modo para pessoas que tem muito interesse, mas de uma forma mais amena e saudável: anime maniakku, gēmu mania, etc. Este uso seria equivalente à palavra fã no ocidente.
Nos Estados Unidos, o termo chegou em 1992 com o animê Otaku no Video (uma mistura de animê e documentário que mostrava a vida dos vários tipos de fanáticos em animação na época) e foi difundido pela revista informativa Animerica como um termo para identificar indivíduos fanáticos como aqueles retratados na animação supracitada. O termo ''otaku
passou a ser usado de forma pejorativa, designando aqueles que são
totalmente fanáticos por um elemento dessa subcultura — no caso,
animação e quadrinhos japoneses. O termo foi se popularizando conforme
os animês se popularizaram, e graças à Internet, o termo se espalhou pelo mundo, e pouco a pouco seu sentido foi modificado conforme se espalhava.
Mesmo que em muitos países o termo otaku seja usado como
sinônimo para fã de animês e mangás, em muitos lugares ainda se utiliza o
seu significado original, como por exemplo, na Austrália.
É necessário certa cautela quanto ao uso do termo, pois a
multiplicidade de sentidos que ela possui pode gerar conflitos
desnecessários.
Este termo foi primeiramente introduzido no Brasil provavelmente pelos membros da colônia japonesa
existente no país, mas ficou restrito às colônias e ao seu sentido
original (o tratamento respeitoso na segunda pessoa, literalmente sua casa ou sua família). Porém, o sentido mais novo foi introduzido na época da "explosão" de dekasseguis, ocorrida no final da década de 1980, quando o termo já havia adquirido seu sentido pejorativo e o fluxo de dekasseguis do Brasil para o Japão se intensificou.
Porém, a popularização do termo, e em certa medida até mesmo dos animês e dos mangás no país se deu graças a primeira revista especializada de animes e mangás no Brasil — a Animax. Em tal revista utilizou-se provavelmente pela primeira vez a palavra otaku
no mercado editorial brasileiro para agrupar pessoas com uma
preferência por animação e quadrinhos japoneses. Como pôde ser percebido
mais tarde, o significado original do termo e a visão pouco favorável
que a sociedade japonesa tinha dos otaku não foi citada: o termo fora citado na Animax como sendo somente um rótulo utilizado por fãs de animês e mangás no Japão, e este foi o estopim da grande polêmica.
A omissão de explicações precisas sobre o termo e a posterior
popularização de seu sentido já distorcido teve repercussões logo de
início: fãs de animês mais velhos e membros da comunidade japonesa que
conheciam o sentido original do termo otaku antes da
popularização do mesmo foram os primeiros a protestar contra a
popularização da distorção do significado da palavra, sendo prontamente
rotulados de antiotakus, por supostamente "transformar o termo em
algo pejorativo". As discussões sobre o termo dentro da comunidade de
fãs de animês se iniciaram, sendo esta a primeira possível polarização
aceitável como tal dentro da comunidade: muitos membros se denominavam
como "fãs de animês" em tentativa de escapar do rótulo de otaku,
por saberem do significado pejorativo que a palavra carrega e admitirem
tal significado como o correto; enquanto outra parte se denomina
prontamente como otaku e prega que não há sentido pejorativo na palavra.
As discussões continuam até o momento presente, em locais que vão desde fóruns especializados em animês e mangás a comunidades no Orkut,
mostrando ainda um traço de polarização em relação ao termo e nenhuma
conclusão em definitivo sobre o mesmo. Nos últimos anos, porém, é cada
vez mais comum ver programas através dos meios de comunicação utilizando
a palavra otaku em seu sentido alterado, posto que a grande
maioria não conhece a história do termo, e são justamente estes que
recebem mais atenção da mídia.
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